pois bem. pra que serve um CA?
serve para representar os estudantes perante a academia, ok. para defender seus direitos, beleza. também para organizar eventos de interesse dos estudantes (festas, palestras, encontros, grupos de estudo), perfeito.
algo mais? creio que esses três pontos resumem tudo, por enquanto. se alguém lembrar outra coisa, grite.
então vamos detalhar cada ponto, eviscerá-los para chegar a seus segredos mais recônditos.
- representar os estudantes perante a academia - hmmm... nada muito complexo, mas ao mesmo tempo nada muito divertido. alguém tem que ser escalado para participar de reuniões de departamento e manter os estudantes atualizados sobre o que acontece por lá. tem que ser alguém de confiança, especialmente em questões de pontualidade, e com saco para ficar lá no blá blá blá...
- defender os direitos dos estudantes do curso - eis algo Deveras Complexo. quais são os direitos do estudante? quem tem o direito de decidir isso? os estudantes ou um grupo os representando? até que ponto a massa dos estudantes estão realmente conscientes do que acontece? há dois moralismos contraditórios jogando aqui, e isso é sempre bastante complicado. tema para muito pano pra manga, que será abordado mais pra frente neste texto.
porém ainda há outra coisa a ser abordada neste ponto: qual a metodologia a ser adotada na tal "defesa dos direitos"? fazer piquete ou conversar? e novamente: quem tem o direito de decidir sobre isso??? mais coisa a se discutir e se esbofetear...
- organizar eventos de interesse para os estudantes do curso - "hah! Fácil!", o ignóbil sorri frente a isto. mas não é tão fácil quanto parece. uma coisa é "organizar" uma festa em república onde as pessoas vão passar o chapéu pra comprar cerveja, na hora. outra coisa é organizar um evento da envergadura de um curso de algumas centenas de estudantes. exige coordenação, responsabilidade, comunicação, distribuição de tarefas e um pouco de tirania. senão não anda.
bem... o primeiro passo no sentido de um aprofundamento do debate foi dado. agora vamos examinar cada um dos lados da questão (auto-gestão versus gestão clássica) separadamente, e depois compará-los.
Gestão Clássica
No modelo clássico de gestão de Centro Acadêmico se inscrevem chapas, acontece uma eleição, e a (teoricamente) com mais votos vence. Ótimo.
A parte do teoricamente se deve à incidência relativamente grande de fraude eleitoral. Mas isso geralmente acontece apenas quando há uma chapa hegemônica que está utilizando o CA para fins pessoais. Não é algo assim TÃO comum, apesar de ser muito mais comum do que o saudável para um Movimento Estudantil com pretensões de seriedade.
Idealmente as pessoas se agrupariam de acordo com suas respectivas ideologias políticas para formar as chapas que disputarão as eleições. Na prática isso acontece em alguns momentos, mas em outros se montam as chapas por coleguismo ou por interesses pessoais.
O mesmo ocorre nas eleições. Se vota nos amigos, não nos programas das chapas. Exceto em pessoas-exceção ou em momentos-exceção.
Isso faz com que chapas realmente ativas e engajadas sejam minoria entre as eleitas. Porém essa minoridade ainda é de um percentual relevante. Mesmo minoria, existem MUITAS gestões que conseguiram fazer excelentes trabalhos, na questão política.
A grande vantagem da Gestão Clássica é a questão organizacional. Por serem um grupo já unificado, eleitos pela maioria dos votos, a chapa eleita tem uma legitimidade e uma responsabilidade grandes perante os acadêmicos. Fica muito mais simples organizar essa meia dúzia de pessoas para fazer as coisas. As engrenagens giram muito mais facilmente, fato.
Uma gestão empossada por eleição tem muito mais facilidade de trabalho (respeitabilidade, legitimidade) que uma auto-gestão. Por que isso? Simples. Porque você vai chegar numa reunião de Movimento Estudantil, ou com algum representante de departamento ou reitoria, e a primeira pergunta será: “quem te deu o poder para estar aqui? Com que direito você fala em representação aos alunos do teu curso?”. Não que essa pergunta seja necessariamente proferida, porém ela está sempre tácita em qualquer relação de poder. E, politicamente falando, para conseguirmos qualquer coisa dentro da universidade, a balança da relação de poder deve estar pendendo a nosso favor.
Um comentário:
Sugiro que você conheça o CA de Ciências Socias (CAFF) na UEM. Temos quase 2 anos de experiência de autogestão, e com ela conseguimos fazer muitos mais com o CAFF do que nos 8 anos anteriores.
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